Geada

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O Minho é especial, mas Fafe é ainda mais especial. Sim, somos diferentes. Até na coligação contranatura na Câmara.
Um dos grandes problemas nos que às europas diz respeito é considerar todos iguais, todos diferentes. Se em relação a qualquer condição do direito se aceita, já em relação à «alma» calma aí e pára o baile. Na nossa intangibilidade ninguém toca porque, mais do que qualquer povo europeu, gostamos de carinho e não dessas novas coisas apelidadas de competitividade. Gostamos de olhar de soslaio, certo, mas não é para sermos melhores mas para conservarmos o nosso cantinho.
Não há nada mais interessante do que o nosso «cantinho». É lá que nos aquecemos das geadas e nos alimentamos, curiosamente mais a alma do que  o estômago. Aliás, para nós, a alma mora no estômago. É nas sopas de vinho com açúcar, devidamente aconchegadas nas brasas, que afogamos a amargura. Como nos sabem bem!
Vem isto a propósito da geada que por estes dias vi num campo. Pessoas normais dizem «que frio!», ou «o campo todo branquinho, que giro!». As pessoas excepcionais dizem «faz bem às couves». E faz mesmo. Os «olhos» de couve agradecem. Nada de mais intangível existe na degustação de uma couve amaciada pela geada e guarnecida pela carne gorda do porco, com o azeite a procurar caminhos de fuga e o alho, qual aluvião, a sedimentar-se devagarinho. Os alemães podem ter as suas formas intangíveis, mas nós temos as nossas e Fafe muito mais.
Abaixo de Arões, alguém compreenderia a incomensurável beleza de uma maçã assada afogada no vinho (ok, existem mas chamam-lhes bêbadas. Nós temos respeito!) e a orgia de sentidos quando a introduzimos no nosso sistema digestivo?

Beijinhos, mãe.

António Daniel

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