Pai Minhoto
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Os pais nunca são iguais. Os pais do Minho, muito menos. O pai minhoto é um pai mimoso, mas também espinhoso. O pai minhoto é um pai alheio, mas também um pai que espreita. O pai minhoto não sabe ser pai, mas é melhor do que os pais de outras paragens. É certo, já não existem pais minhotos, muito menos de Fafe. Ser pai, hoje, não tem enquadramento geográfico, mas já teve.
Figura patriarcal, gostava desse modo de ser, refugiado do que aos assuntos maternais dizia respeito, alheava-se na rigidez da figura, cultivava os exemplos. Dizia muito pouco, mas comunicava muito. A honradez ocupava lugar de destaque assim como as públicas virtudes porque defeitos privados eram isso mesmo, privados. Também não são para aqui chamados.
Virtuoso, mas curvado, emotivo, mas pensador, o pai minhoto em geral e o pai de Fafe em particular, tinha um poder simbólico, mais do que efectivo. Ou melhor, todo ele é simbólico. A cabeceira da mesa de jantar fora por ele ocupada para marcar o busto assim como o lugar da presença que tudo abraçava até ao dia que começava a ser memória. Aí, sentimos a sua grandiosa e insuportável ausência.
António Daniel
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